domingo, 9 de maio de 2010

Poesia- SÉ


Se não fosse a Sé, seria ilusão
Se não fosse a Sé, seria solução
Se não fosse a Sé, seria uma cidade
Mas a Sé é bairro e diversidade

Católicos, mendigos, pecadores e mortais;
Imortalizados sob jornais

Sobre cobertores e sobre o papelão;
Sob a face podre e suja da nação
Esquecem dos meninos da praça da Sé
E quando toca o sino, ergue catedral da Sé sem fé.
Reza, orações, preces, ilusões;
Condicionados, carcerados às prisões;

Os livres sentem frio, os livres sentem fome.
Os religiosos passam diante dos que não tem sobrenome;
Mas estes nunca rezam, não disponibilizam sua fé

Para os favorecidos, a Sé é outra Sé.
Pobreza em confronto com a potência católica
Enquanto isso em frente à catedral a resposta

Eles cheiram cola para aquecer
Do lado de dentro ópio para esquecer

Esquecer da desigualdade, esquecer da contradição, esquecer do massacre com seus próprios irmãos.

Mesmo assim, vêem-se sorrisos, amarelos ou não,
Vêem-se ternos bonitos, outros com pés no chão.
Vêem-se em olhos brilhantes, esperança, salvação
Em punhos fechados o inacesso à opção

Sedes episcopalis, representação do poder católico;
Vestes, emblemas, rostos, crucifixos simbólicos;
Capitalismo bruto, cegueira proposital.

Tudo tem importância, exceto o menino sob o jornal.
( Karina Mendes Brandão)

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